About
Resumo: Embora a investigação sociológica tenha demonstrado a importância do espaço e do ambiente para a vida das crianças, nomeadamente para a sua saúde, mobilidade independente, abordagem dos problemas sociais, identidade social, sentimento de segurança e impacto geral em questões de igualdade e equidade, as crianças ainda são raramente incluídas no planeamento urbano. Consequentemente, faltam às cidades lugares públicos seguros para estas passearem, brincarem e construirem relacionamentos saudáveis com o meio ambiente. Este projeto visa combater esta desigualdade através de uma abordagem participativa, investigando as relações das crianças com os espaços públicos urbanos nas duas principais cidades portuguesas (Lisboa e Porto), que são também dois importantes focos turísticos. Tanto Lisboa com o Porto são estudos de caso interessantes pois preparam este ano as respetivas candidaturas à certificação "cidade amiga das crianças" da UNICEF. Partindo do pressuposto de que as crianças são atores sociais com conhecimento válido e capazes de participação política, com um "direito à cidade", e de um entendimento da infância como "espaços socioculturais", efetivados pelas crianças, este projeto analisa a relação das crianças com o lugar a partir das suas próprias perspetivas, utilizando uma abordagem etnográfica, centrada na criança e participativa, assente uma pluralidade de recursos metodológicos. O objetivo principal é compreender como as crianças se relacionam e se apropriam dos espaços públicos urbanos e mais especificamente, como essas relações e apropriações do espaço envolvem a construção de "identidades criança-meio ambiente"; o papel que as TIC, bem como a arte tem nessas identidades; o modo como as crianças lidam com a diferença urbana (nomeadamente aquela associada ao turismo); o sentido de segurança das crianças e sua relação com a violência urbana; o modo como as crianças se relacionam com a natureza e o mundo não-humano; a agência de crianças e o seu sentido de comunidade e as suas práticas de transgressão. Considerando as crianças como "peritos", pretendemos transpor esses dados para o planeamento urbano, fomentando o diálogo com a comunidade e os decisores a fim de projetar possibilidades para uma cidade amiga das crianças.
Referência: PTDC/SOC-SOC/30415/2017
Cronograma: outubro 2018-setembro 2021