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Resumo: as mulheres em várias esferas da vida em sociedade. Embora a crescente feminização da força de trabalho se assuma como um importante processo de promoção da igualdade de estatuto entre homens e mulheres, autonomizando-as do ponto de vista financeiro e garantindo-lhes um conjunto de direitos associados ao emprego, o mercado de trabalho funciona como um campo em que se (re)produzem desigualdades de recursos e oportunidades. Uma das materializações das desigualdades de oportunidade e um dos fatores que contribui para as desigualdades remuneratórias entre homens e mulheres são os “tetos de vidro”, ou seja, as barreiras invisíveis que condicionam o acesso das mulheres aos cargos de direção. Esta tendência é transversal aos países europeus (com incidências variáveis) e condiciona o pleno desenvolvimento das competências e do talento das mulheres, o que tem consequências negativas ao nível do seu bem-estar e no plano económico.
O estudo tem como objetivo geral analisar as desigualdades de género no acesso aos cargos de direção e na remuneração pelo exercício desse tipo de profissão, mas também determinar os fatores sociais, económicos e institucionais que enquadram esses fenómenos. Para tal, desenvolver-se-á uma análise multiescalar, que combina aproximações metodológicas quantitativas e qualitativas, através da qual será possível responder às seguintes questões:
1) Como se caracteriza a desigualdade entre homens e mulheres no acesso aos cargos de direção e no respetivo nível remuneratório nos países europeus? Que fatores sociais, económicos e institucionais fundamentam perfis de desigualdade no contexto europeu? Que perfil assume Portugal em relação a estas dimensões de análise?
2) Em relação apenas à realidade portuguesa, como evoluiu a desigualdade de acesso aos cargos de direção entre mulheres e homens nas últimas décadas? Qual o perfil etário, qualificacional e experiência profissional de mulheres e homens que exercem cargos de direção e em que tipo de empresas trabalham? E até que ponto existe segmentação horizontal e vertical de género nos cargos de direção?
3) Como evoluiu a desigualdade remuneratória entre homens e mulheres que exercem cargos de direção em Portugal? Qual a relação entre a segmentação horizontal e vertical e as desigualdades remuneratórias entre mulheres e homens? E até que ponto o perfil dimensional, setorial, financeiro e territorial das empresas é um fator com impacto no nível de desigualdade salarial entre mulheres e homens que exercem cargos de direção?
4) Que atitudes e representações têm as mulheres que desempenham cargos de direção em empresas de média e grande dimensão em relação ao tema da (des)igualdade de género? Que discriminações e obstáculos sentiram ao longo do seu percurso profissional e de vida? Que outras discriminações consideram existir no acesso aos cargos de direção? Como conciliam a vida profissional e pessoal? Como avaliam as políticas públicas destinadas a reduzir as desigualdades de género no mercado de trabalho?
5) Que políticas públicas e empresariais poderão ser implementadas para reduzir desigualdades de acesso aos cargos de direção e na remuneração de mulheres e homens que exercem esse tipo de cargos?
A análise comparativa entre países europeus tem como objetivo definir perfis de (des)igualdade entre mulheres e homens no acesso a cargos de direção e na respetiva remuneração, mas também determinar qual a relação existente entre esses perfis (des)igualitários e as características institucionais das economias políticas dos países europeus. Este plano analítico permitirá situar o perfil da realidade portuguesa num contexto europeu mais vasto e por essa via enquadrará a análise mais fina e aprofundada acerca de Portugal. A comparação europeia será baseada na análise dos microdados do Structure of Earning Survey, a análise mais fina da realidade portuguesa terá como referência os microdados dos Quadros de Pessoal (QP), uma fonte administrativa que tem informação acerca do universo de trabalhadores do setor privado em Portugal.
A informação estatística apurada através da análise dos microdados dos QP permitirá definir uma amostra qualitativa de mulheres que exercem cargos de direção a entrevistar, tendo como referência o seu perfil socioprofissional, bem como o perfil da empresa onde trabalham.
Uma das dimensões a explorar nas entrevistas prende-se com a reflexão em torno das políticas públicas destinadas a mitigar as desigualdades de género no mercado de trabalho. As representações, atitudes e propostas das entrevistadas serão tidas em consideração na proposição de políticas públicas e empresariais destinadas a combater as desigualdades de género.
Os apuramentos estatísticos serão disponibilizados na plataforma digital DataLABOR.
Beneficiadores finais/população-alvo: Organizações, trabalhadores/as, e sociedade em geral.
Cronograma: fevereiro 2025 - fevereiro 2026