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Resumo: Os jovens das periferias urbanas têm sido representados pelos media e pelas instituições políticas através da imagética da apatia, da incivilidade e dadelinquência. As ideias pré-concebidas sobre os territórios de vivência desses jovens influenciam negativamente as suas perspetivas de futuro e a sua relação coma cidade, tendo o efeito de segregá-los, particularmente no caso dos afrodescendentes. No entanto, a crescente importância da arte e das produções culturaisdessa juventude está a conferir-lhe uma nova visibilidade capaz de subverter estereótipos e afirmar identidades positivas. A potência dessas práticas criativas foinotada pelos organismos do Estado, que passaram a mobilizá-las para fins de inclusão social num contexto de promoção de uma nova geração de políticaspúblicas mais participativas. Numa conjuntura de crise económica e falta de oportunidades para a emancipação juvenil, agravada pela pandemia da COVID-19,torna-se imperativo perceber como a criatividade é mobilizada pela juventude de territórios segregados, bem como a sua influência na redefinição das políticas deque são alvo.PERICREATIVITY é um projeto que tem por objetivo examinar a criatividade dos jovens de territórios segregados nas duas maiores cidades portuguesas, Lisboa ePorto, em que as expressões artísticas são tanto um meio de conferirem sentido às suas vidas e de criarem caminhos profissionais como um recurso para ainclusão social. Propomo-nos a estudar a criatividade e a arte de jovens de territórios desfavorecidos como dois elementos dinâmicos que se retroalimentam,devendo ser enquadrados numa nova episteme influenciadora de subjetividades e estratégias políticas. As dinâmicas criativas ligadas às expressões artísticas dajuventude periférica são cada vez mais apropriadas por políticas públicas com vista a estimular o desenvolvimento local, a participação cidadã e a inclusão social.Este é o caso do ‘Programa Escolhas’ e de um conjunto de intervenções institucionalizadas de street art em Portugal. O enfoque nessas políticas tem o propósito deanalisar como as práticas criativas de cariz artístico são incorporadas enquanto novos dispositivos de agenciamento e governamentalidade comunitária nosterritórios desfavorecidos das periferias urbanas.PERICREATIVITY será uma excelente oportunidade para identificar, analisar, compreender e avaliar a eficácia e o potencial emancipatório das práticas criativasdesenvolvidas pelos jovens de territórios segregados, tomando como estudos de caso 4 bairros marginalizados: Quinta do Mocho, Cova da Moura, Quinta daPrincesa (Lisboa) e Cerco (Porto). A partir de uma abordagem metodológica qualitativa, o projeto irá (i)identificar e mapear as produções artístico-culturais dosjovens, nomeadamente projetos individuais e coletivos ligados às linguagens que lhes são familiares(rap, graffiti, dança); (ii)analisar o modo como os jovensmobilizam a criatividade para desenvolver novas carreiras profissionais e desafiar a precariedade, bem como conhecer a sua influência nas subjetividades etrajetórias de vida; (iii)compreender como as práticas criativas dessa juventude são enquadradas por políticas públicas para efeitos de desenvolvimento local,participação cidadã e inclusão social; (iv)e avaliar essas políticas com vista a propor recomendações que favoreçam a emancipação juvenil e o combate à marginalização social.
Referência: 2022.08993.PTDC
Beneficiadores finais/população-alvo: Jovens, especialmente os residentes em periferias urbanas e territórios urbanos segregados.
Cronograma: março 2023-março 2026.
Coordenação: Otávio Raposo (ISCTE-IUL; CIES-IUL) é o investigador principal (PI); Lígia Ferro (FLUP; IS-UP) é co-investigadora principal (CO-PI).
Outros investigadores/as: Alix Didier Sarrouy, Beatriz Lacerda, Carla Malafaia, Jordi Nofre, João Teixeira Lopes, Leonor Medon, Liliana José Moreira, Pedro Abrantes, Ricardo Campos, Rita Cachado, Teresa Seabra.